12/11/2016

Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva

TOC x TPOCO TPOC (Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva) não é o TOC (Transtorno Obsessivo-compulsivo). Escrevi sobre as diferenças entre TOC e TPOC neste outro texto.
Um indivíduo com TOC pode ter concomitantemente o diagnóstico de TPOC. A diferença básica entre os dois transtornos é que o TOC é egodistônico, ou seja, o indivíduo reconhece os sintomas como algo errado que precisa ser mudado, já o TPOC é mais egossintônico, com sintomas em “sintonia” com o dia a dia e a forma de ser do indivíduo.

Causas

Gabbard (2006, p. 425) diz que indivíduos com TPOC “possuem uma boa dose de dúvida. Quando crianças, eles não se sentiram suficientemente valorizados ou amados por seus pais”. Este sentimento pode estar de acordo com a realidade (no caso de pais ausentes) ou não (no caso da necessidade da criança ser maior do que o esperado e do que os pais podem atender).
Indivíduos com TPOC se preocupam com a aceitação e essa preocupação ocasiona a maioria dos sintomas. Buscam a perfeição (inatingível) para conseguirem a aceitação que não sentiram na infância.
O medo de um eventual abandono ou rejeição faz com que as pessoas com Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva sejam rígidas, preocupadas, metódicas e perfeccionistas. Estes sintomas costumam ser contraproducentes afinal são justamente eles que contribuem para o afastamento das pessoas.

Sintomas e diagnóstico

“Relacionamentos íntimos são um problema significativo para os pacientes obsessivo-compulsivos” (GABBARD, 2006, 425). Pessoas com TPOC costumam ser metódicas, rígidas, teimosas e controladoras. Isso ocasiona o afastamentos das pessoas.
Atrasos não são aceitos por indivíduos com TPOC, mas eles mesmos se atrasam quando se preocupam demais com a perfeição na realização de uma tarefa.
As vezes a preocupação com detalhes e planejamento para se fazer algo é tão exagerada que o objetivo final se perde. Em outras palavras, o indivíduo perde mais tempo planejando como fará uma tarefa do que de fato executando a mesma, chegando a perder prazos, prejudicando-se no trabalho.
O trabalho vem em primeiro lugar, mesmo quando não há uma necessidade financeira aparente.
Enfim, o indivíduo com TPOC costuma ser rígido, teimoso, escrupuloso, precavido, controlador, metódico, excessivamente dedicado, perfeccionista, preocupado e detalhista. Tudo isso de forma exagerada.
O diagnóstico deve ser feito por um profissional da saúde mental (psicólogo ou psiquiatra) após avaliação detalhada. Esses profissionais têm condições de avaliar se os sintomas são, de fato, correspondentes ao Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva ou de algum outro transtorno.

Tratamento

Não existem remédios específicos para Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva. O tratamento é feito com psicoterapia.
Conforme mencionado acima, os sintomas do TPOC são egossintônicos. Ou seja, pessoas com Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva não vão procurar tratamento espontaneamente, porque não acham que tem algo errado com elas, a não ser que comecem a ter problemas de relacionamento ou no trabalho divido a grande necessidade de controle. Em geral, quando procuram tratamento por conta de problemas de relacionamento o fazem por exigência do cônjuge.
Na psicoterapia o paciente com TPOC tem condições de receber o apoio e a aceitação, supostamente faltosos, que tanto necessita. O psicólogo (não só no tratamento do TPOC) tem uma postura acolhedora e pode, no processo psicoterapêutico, mostrar ao paciente que aceita “suas imperfeições”, mesmo que essas sejam fruto da imaginação do paciente.
Com o passar do tempo, o paciente vai percebendo que suas supostas imperfeições não são catastróficas, aumentando a autoestima e aceitação, perdendo a necessidade de controle e perfeccionismo.
Psicólogo Fernando Parede
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Referências:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 992p.
GABBARD, GLEN O. Psiquiatria psicodinâmica na prática clínica. Quarta edição. Porto Alegre: Artmed, 2006. 462 p.