18/01/2017

Transtorno da Personalidade Dependente

O indivíduo com Transtorno da Personalidade Dependente tem "um padrão de comportamento submisso e apegado relacionado a uma necessidade excessiva de ser cuidado" (DSM-5, 2014, p. 645).
No DSM-5 este transtorno agrupa-se a outros transtornos do Grupo C que se assemelham por serem transtornos ansiosos.
Um idoso poderia apresentar estas mesmas características sem ser diagnosticado com Transtorno da Personalidade Dependente, afinal sua dependência é justificada pela fragilidade da idade. Já no transtorno da Personalidade Dependente estes comportamentos ocorrem no início da vida adulta e a dependência não tem uma justificativa lógica explicada por outras condições médicas.

Causas

Crianças que têm pais superprotetores e controladores tem mais probabilidade de desenvolverem o transtorno.
"O vínculo inseguro é uma marca registrada do transtorno da personalidade dependente. Muitos dos pacientes cresceram com pais que, de uma forma ou de outra, comunicavam que a independência era carregada de perigo. Eles podem ter sido sutilmente recompensados por manter lealdade a seus pais, que pareciam rejeitá-los diante de qualquer movimento em direção à independência." (GABBARD, 2006, p. 438)
A ansiedade subjacente faz o indivíduo buscar, excessivamente, por cuidado e amparo.

Sintomas e Diagnóstico

Veja abaixo os Critérios Diagnósticos para Transtorno da Personalidade Dependente no DSM-5 (2014, p. 675):
Uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva a comportamento de submissão e apego que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento de outros
2. Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida
3. Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou aprovação. (Nota: Não incluir os medos reais de retaliação.)
4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido mais a falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidades do que a falta de motivação ou energia).
5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis.
6. Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo.
7. Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o término de um relacionamento íntimo.
8. Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria sorte.
Certamente contar com o resseguramento e apoio da família ou amigos e pessoas importantes é melhor e mais fácil do que ter que tomar decisões e assumir responsabilidades sozinho, porém no Transtorno da Personalidade Dependente o indivíduo não "se movimenta" sem esse suporte.
Todos nós temos traços de personalidade em maior ou menor grau muito parecidos com este ou outros  transtornos da personalidade mas a diferença, como já mencionei em outro texto, é que no transtorno da personalidade os comportamentos e formas de lidar com as pessoas acontecem como um padrão persistente.

Comorbidades

De acordo com Gabbard (2006) dificilmente um paciente recebe unicamente ou principalmente o diagnóstico de Transtorno da Personalidade Dependente. Dentre as outras condições médicas podem aparecer a Depressão, Transtorno Afetivo Bipolar entre outros. O autor diz ainda que mais de 50% dos pacientes que recebem diagnóstico de dependente também recebem o diagnóstico de Transtorno da Personalidade Borderline, mas explica a diferença principal entre os dois:
Diferença entre Borderline e Dependente
"Os pacientes borderline  reagem ao abandono com raiva e manipulação, enquanto os pacientes dependentes tornam-se submissos e apegados" (Hirschfeld et al.,1991 appud GABBARD, 2006, p. 437)

Tratamento

O psicoterapeuta trabalha de forma a incentivar e desenvolver a independência do paciente. Se os dependentes buscam reasseguramento e amparo de familiares e amigos, consequentemente esperam isso do terapeuta, que deve evitar dizer "o que o paciente deve fazer" e apoiar atitudes em direção à independência da psicoterapia, mostrando que o indivíduo pode tomar decisões individualmente.

Psicólogo Fernando Parede

CRP 06 / 95263

Rua Itaqueri, 882, Mooca

Av. Dr. Gentil de Moura, 174, Ipiranga

(11) 2910-0697 / (11) 9.4011-9204


Imagem: Grátis dos pixabay

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 992p.

GABBARD, GLEN O. Psiquiatria psicodinâmica na prática clínica. Quarta edição. Porto Alegre: Artmed, 2006. 462 p

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